Popularmente conhecida como “pedra” nos rins, uma litíase urinária é uma doença frequente, ocorrendo entre 120 a 140 casos para cada grupo de 100 mil pessoas por ano. Atinge mais frequentemente adultos na faixa dos 30 aos 40 anos e é mais frequente nas mulheres. Os cálculos podem ser encontrados em diferentes locais do sistema urinário: nos rins, sem ureter, na bexiga, na uretra e eventualmente em todas essas áreas em um mesmo paciente.
Cálculo Renal
Uma pedra é dita renal quando está localizada na pelve renal ou em algum cálice renal. Quando é uma pedra maior e se molda à configuração anatômica da pelve renal e a pelo menos dois cálices renais, passa a ser denominada de coraliforme.
Cálculo Ureteral
Os ureteres são canais que levam a urina dos rins até a bexiga e por vezes são obstruídos por cálculos que migram do aro em direção à bexiga. Quando esses cálculos ficam presos no canal do ureter, provocam uma chamada cólica ureteral (popularmente cólica renal). Este tipo de cólica consiste de dor lombar de início abrupto, com irradiação para a região genital, de forte intensidade e acompanhada de náuseas, vômitos e sudorese.Cerca de 70% dos cálculos ureterais são menores que 5 milímetros e são eliminados espontaneamente, porém esta eliminação pode ser muito dolorosa causando intenso sofrimento ao paciente.
Cálculo Vesical (bexiga)
Uma vez vencido o trajeto ureteral, o cálculo chega à bexiga e recebe então a denominação de cálculo vesical. Necessariamente é eliminado de forma espontânea, uma vez que o calibre da uretra é maior que o calibre ureteral (já vencido por esse cálculo).
Porém, existem alguns cálculos vesicais que são formados diretamente na bexiga, em geral associados com obstrução ao fluxo urinário, infecção da urina e aumento da próstata. Nesses casos muitas vezes é necessário o tratamento cirúrgico, que pode ser endoscópico com laser ou mesmo com uma pequena incisão na região abdominal.
Cálculo uretral
Por fim, em alguns casos identificamos cálculos presos na uretra (geralmente em homens) e que na maioria das vezes está relacionada a algum grau de estreitamento do canal uretral.
Diagnóstico
Os cálculos urinários podem ser diagnosticados através de uma boa história clínica e por alguns métodos de imagem:
Raio x simples – Visualiza cerca de 70% dos cálculos, porém, limitações naqueles pouco radiopacos e em obesos e(retirar esse E) requer preparo intestinal.
Ultrassonografia – É um excelente método diagnóstico, mas depende dos operadores, que têm dificuldade de visualizar cálculos no terço médio do ureter.
Urografia excretora – É um excelente método diagnóstico, mas vem perdendo terreno nos anos, pois necessita do emprego de contraste iodado e pode piorar a dor se realizado na vigência de um episódio de cólica.Tomografia computadorizada – É considerada o “padrão ouro” no diagnóstico dos cálculos urinários. Apresenta sensibilidade e especificidade na ordem de 97%.
Tratamento
O tratamento dos cálculos urinários vai depender da localização, tamanho e densidade.
Pode ser observado em alguns casos, tratado com medicação em outros e até mesmo necessitar de remoção cirúrgica.
O tratamento intervencionista é indicado em pacientes com dor intratável, com dilatação do ureter e do rim ou infecção. É interessante, sempre que possível, que se leve em conta a densidade do cálculo, medida na tomografia. Cálculos com densidade superior a 1000 UH são mais difíceis de serem fragmentados.
Nas opções cirúrgicas de tratamento do cálculo urinário destacam-se:
Ureterolitotripsia
A ureterolitotripsia pode tratar os cálculos desde o ureter distal (já próximo da bexiga), até os cálculos renais. É utilizado para isso um aparelho bem fino, que passa através do canal da uretra até onde está o cálculo. Na ponta desse aparelho existe uma ótica, que oferecem imagens do cálculo. Utiliza-se então o laser para fazer a quebra do cálculo em pedaços muito menores que são, sendo então removidos.
Ao final do procedimento, algumas vezes se deixa um cateter ureteral tipo duplo J, que pode permanecer de uma até seis semanas no local. As complicações da ureteroscopia são poucas envolvendo, envolvendo cerca de 0,5% a 1% dos procedimentos.
Quais são as consequências / incômodos causados pelo Duplo J?O duplo J é colocado em benefício do paciente, para evitar dor no pós-operatório e outras complicações como estenose (obstrução por cicatrização anômala) do ureter. Porém, por ser um corpo estranho, pode causar alguns sintomas adversos como: dor ao urinar, urgência miccional (necessidade de correr para urinar), dor nas costas ao urinar, frequência miccional elevada e sangramento na urina. Estes sintomas costumam ter níveis e são aliviados com os remédios prescritos no pós-operatório.
Cateter Duplo J
Cateter Duplo J – Esclareça as suas dúvidas
Após cirurgias para cálculos urinários, é comum o canal do ureter fechar-se pela inflamação decorrente do próprio procedimento e da obstrução pelo cálculo, impedindo a passagem de urina. A não passagem de urina do rim para a bexiga causaria forte dor no pós-operatório. Para evitar isto, utilizamos o cateter duplo J, que é um tubo bem fino que conduz a urina dos rins até bexiga. Recebe este nome por possuir uma curva em forma de J em cada extremidade.
Quais são as consequências/incômodos causados pelo Duplo J?
O duplo J é colocado em benefício do paciente, para evitar dor no pós-operatório e outras complicações como estenose (obstrução por cicatrização anômala) do ureter. Porém, por ser um corpo estranho, pode causar alguns sintomas adversos como dor ao urinar, urgência miccional (necessidade de correr para urinar), dor nas costas ao urinar, frequência miccional elevada e sangramento na urina. Estes sintomas costumam ser leves e são aliviados com os remédios prescritos no pós-operatório.
Cateter Duplo J: uma extremidade fica no rim e a outra na bexiga.
Por quanto tempo o duplo J fica dentro do corpo após a cirurgia?
Isto depende da cirurgia. O período varia de 7 a 28 dias. Apenas em casos excepcionais é necessário deixar o cateter por mais tempo. A média de tempo na maior parte dos casos é de 7-14 dias.
Como é retirado o duplo J?
Existem duas formas. Quando o urologista prevê que o cateter vai ser necessário apenas por poucos dias, um fio bem fino exteriorizado passa pelo canal da urina e o duplo J é necessário. O cateter é derivado puxando-se este fio no consultório mesmo, procedimento muito rápido (alguns segundos) e pouco doloroso.Quando há indicação de permanência do duplo J por mais tempo, o cateter é encontrado sem fio externo e retirado no centro cirúrgico por CISTOSCOPIA (endoscopia da bexiga por meio do canal da urina), sob sedação leve. O paciente acorda alguns minutos após o procedimento e vai para casa no mesmo dia, sem necessidade de internação.
Cirurgia percutânea
Na cirurgia percutânea, punciona-se o cálice desejado por meio de uma agulha cuja progressão é acompanhada por meio de radioscopia. Uma vez no cálice, introduz-se um fio guia metálico na via excretora. Retira-se a agulha, e sobre o fio guia será necessário um dilatador no mesmo trajeto. Sobre o dilatador, introduz-se uma bainha cilíndrica plástica de 1 centímetro de diâmetro, que manterá o trajeto por onde será necessário o nefroscópio, que possibilitará a fragmentação do cálculo e retirada progressiva dos fragmentos.
Ao final do procedimento, deixa-se no trajeto percutâneo um cateter de Foley (nefrostomia) para evitar sangramento do parênquima renal e para drenar urina deste rim, por um período de 48 horas. Após esse período, o cateter é aposentado e o paciente recebe alta hospitalar. Em algumas hipóteses pode haver necessidade de mais de um trajeto percutâneo ou pode ser necessária uma revisão da cirurgia percutânea, em outra data, para retirada de mais fragmentos.
Pode-se usar um dos métodos de fragmentação de cálculo como ultrassom, pneumático-balístico, laser ou eletrohidráulico, dependendo da condição.
Cálculo coraliforme
Conceitua-se como coraliforme aquele cálculo renal ramificado, que se amolda aos contornos do sistema coletor e ocupa mais de uma porção do mesmo.
Consequências
Tem sido fortificado que se um cálculo coraliforme não for tratado, pode propiciar a destruição do rim acometido. Em 28% dos pacientes não operados ocorre deterioração do rim. Além de dor e perda de função renal, os pacientes podem sofrer de infecção renal e generalizada, com risco de vida.
Tratamento
O tratamento do cálculo coraliforme, dada à característica da condição, geralmente é um tratamento complexo.
A cirurgia percutânea é a forma recomendada de tratamento de cálculo coraliforme, por aliar a melhor relação resultado/morbidade.A cirurgia aberta é muito pouco empregada e reserva-se aos casos complexos, de cálculos extremamente grandes e com via excretora desfavorável, e também nas situações de deformidades esqueléticas, nas quais os equipamentos de imagem e endoscópicos podem não ser suficientes ou adequados.
Avaliação pré e pós-operatória
A urografia excretora ou a tomografia computadorizada (TC) são importantes para se planejar a cirurgia percutânea. A medida de unidades Housfield na TC permite avaliar a dureza do cálculo e consequentemente a possibilidade de fragmentação. Cálculos abaixo de 500 UH fragmentam-se com facilidade e acima de 1000 UH mais dificilmente.